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24 de outubro de 2016

A Cabanagem – Da pacificação ao extermínio

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Por Wagner Medeiros Junior

A tomada do governo do Grão-Pará pelos cabanos, em janeiro de 1835, produziu uma profunda desordem na província. A capital, Belém, reduziu-se a um “aspecto deplorável e medonho”, conforme relato de Manuel Jorge Rodrigues, representante do Império. O comércio foi desmantelado por saques e as ruas marcadas pela artilharia das armas de fogo e projéteis de canhões. A cidade viveu o que passou a chamar-se “o tempo da malvadeza”, pela ação desmedida dos cabanos, que deliberadamente matavam os que não julgassem “patriotas” - os “bicudos”.
Da cidade de São Salvador da Bahia de Todos os Santos, o arcebispo geral do Brasil, D. Romualdo Antônio de Seixas, chocado com as notícias que chegavam de sua terra natal, decide-se por ultimar seus concidadãos através de mensagens pastorais. Tais mensagens foram encontrando eco no meio do clero e na população paraense, quer pelo forte apelo religioso que evocava as tradições locais, quer no aspecto político ao pedir “os habitantes da província para que não se separassem da União Brasileira”, lembrando conquistas passadas.
Da Catedral da Sé, em Belém, o bispo local d. Romualdo Coelho, já bastante debilitado pela idade avançada e doente, também se engajou ao apelo de d. Romualdo Seixas pela pacificação, suplicando pela ordem e incitando os cabanos a abandonar a cidade. Em uma de suas pastorais D. Romualdo Coelho dirige-se aos cabanos a seguinte mensagem:
Bem quisera, amados filhos, ir pessoalmente como bom pastor visitar os pontos em que vos achais, e falar-vos do doloroso estado de opressão em que gememos; mas não permitindo a molesta que me oprime cada vez mais, e próximo a comparecer no Tribunal Divino, tenho ao menos a consolação de cumprir este dever de pai pelos ministérios dos vigários gerais, de minha inteira confiança. Eles vos dirão que já é tempo de moderar o entusiasmo guerreiro e de restabelecer a ordem indispensável ao sossego público e continuação do Culto Divino.
D. Romualdo Coelho também insistia que já não havia mais a quem combater, senão “famílias ordeiras e pacíficas”. Assim, terminou por lograr em que o jovem líder cabano Eduardo Angelim, então com 21 anos, decidisse pela retirada de Belém com as suas tropas. Além de abatida pela guerra, a cidade sofria um surto de varíola, de larga mortalidade. É nesse quadro que o comandante Francisco José Soares de Andréa, depois de ser nomeado para presidente e Comandante das Armas pelo padre Diogo Antônio Feijó, regente do Império, retomou o controle de Belém, em 13 de maio de 1836.
Os governos cabanos de Félix Malcher, Francisco Vinagre e Eduardo Angelim pereceram pela falta de projeto político e por não consolidar a autoridade e a ordem, o que abalou profundamente a vida social e econômica de toda a província do Grão-Pará.
Com a retirada dos “rebeldes” de Belém, o comandante Soares de Andréa deu início à reconstrução da cidade, enquanto o levante se expandia pela imensa bacia hidrográfica, ganhando forças desde o médio ao alto Amazonas. As idéias difusas de liberdade haviam se popularizado por todo continente amazônico atraindo tapuias, escravos fugidios e libertos, tribos inteiras de índios e remanescentes dos aldeamentos, como também soldados desertados das tropas do Império.
As forças imperiais iniciaram então uma verdadeira caçada aos cabanos, impondo-lhes sucessivas e massacrantes derrotas. Em 1839 o governo concedeu-lhes anistia, mas o fim do conflito só aconteceria em 1840, quando o líder cabano Gonçalo Jorge de Magalhães ofereceu a rendição final. Para trás ficaram cerca de 30 mil mortos, ou aproximadamente 30% da população da província, de acordo com estimativas de Domingos Antônio Rayol. E a região amazônica acabou por integrar-se ao Brasil, deixando para trás o sangue dessa tragédia.

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Preto no Branco por Wagner Medeiros Junior

23 de outubro de 2016

CLássICos - "Livro das Mil e Uma Noites": trad. Jarouche


" Se houver algum amante no mundo, ó muçulmanos, sou eu. 
Se houver algum crente, ou eremita cristão, sou eu.
As borras do vinho, o escanção, o menestrel, a harpa e a música,
sou eu.
... A amada, a vela, a bebida e a alegria do bebado,
Os setenta e dois credos e seitas no mundo,
Na verdade não existem: juro por Deus que todo credo e seita sou eu.
Terra e ar e fogo, ou melhor, o corpo e a alma tambem sou eu.
A verdade e a falsidade, o bem e o mal, a facilidade e a dificuldade do principio ao fim, 
O conhecimento e o saber e o ascetismo e a piedade e a fé, sou eu.
O fogo do inferno, podem ter certeza, com os seus limbos flamejantes, sim , e o Paraiso e o eden e as huris, sou eu.
A terra e o céu com tudo o que contêm,
Anos, peris, genios e homens, sou eu. " 





Um poema forte,
preciso,
como o vento
que açoita as magnólias,
e levanta a minha alma
... para ver
a lança
que atravessa a noite,
rasga o peito do poeta,
tornando-o
numa caixa de jóias,
de onde a Poesia retira,
delicadamente,
um verso de esperança
para o amigo da alma.

*Carmen Regina

22 de outubro de 2016

Literatura na Varanda - Poesia

Olá queridos!
Segue o post que fiz no meu blog Mar de Variedade
Hoje aconteceu a segunda edição do Literatura na Varanda (poesia), evento organizado pela Tânia Ainat e pelo Winter Bastos, ambos escritores.
O evento aconteceu no Centro de Estudos Wilhelm Reich, em Niterói-RJ.
Informações:
IMERSÕES POÉTICAS: DIÁLOGOS CONTEMPORÂNEOS
(DEBATE + RECITAL + MÚSICA)

ESCRITORES CONVIDADOS:

MEDIADOR: MÁRWIO CÂMARA

APRESENTAÇÃO MUSICAL ACÚSTICA: BANDA SIRIUS BETA

O EVENTO TEM O APOIO DO CLUBE DE LEITURA ICARAÍ (CLIC)

A reunião foi ótima! É muito bom quando reunimos amantes de literatura. O mediador Márwio fez algumas perguntas aos poetas muito interessantes. Os autores declamaram alguns de seus poemas. Alguns participantes também quiseram declamar.
Que venham outros eventos como esse!



Livro que ganhei do autor



Banda Sirius Beta

Diário da Poesia é um evento que acontece em São Gonçalo





Winter e Tânia (Organizadores) e eu 


Livro da autora Inês Drummond que adquiri no evento

Aguardamos a próxima edição!
Participem!

Clube do Conto - O Candelabro: Elenir




Contrastando com a simplicidade da casa, havia, pendurado no teto da sala, um candelabro de cristal. Explicava-se: Seu Chico, velho comerciante, aceitara-o em pagamento de uma dívida. Poderia, assim, satisfazer antigo sonho de Dona Cotinha, sua mulher.


            Conforme previra, o presente encantou-a. Era muito mais belo do que em sonhos imaginara. Acariciou cuidadosamente os longos pingentes e as rosas com miolos feito velinhas, do mais puro, brilhante e transparente cristal.


            Desde então, aquela parte da casa foi batizada “A sala do candelabro”.


            Quando a noite descia e as luzes se acendiam, o candelabro que era branco muitas cores refletia.

Havia um arco-íris na sala.


            Se uma lufada de vento soprava pela janela, os pingentes tilintavam suavemente. 

Havia música na sala.


            Nas preguiçosas tardes de domingo, depois do ajantarado, alegres crianças brincavam, jovens casais namoravam e Vô Chico, mais uma vez, cochilava, debaixo do candelabro. 

Havia ternura na sala.


            Muitos anos se passaram. Os menininhos cresceram. Os jovens envelheceram. Os que eram velhos partiram. E o candelabro, coitado, escondido na poeira, com seus pingentes quebrados, sofria abandonado! 

Havia saudade na sala.


            Vendida aquela casa, foi parar, o candelabro, num quebra-galho qualquer:


---Quanto vale esta coisa?


---Sujo, quebrado, não dou mais que dez mil réis!


---Pois bem, negócio fechado!


Por dez mil réis!  se vendeu:

Um suave tilintar.
Um pedaço de arco-íris.
Um sonho. Muita ternura.

E um candelabro sofrido que iluminava o passado! 

                                                                                               

                                                                                                

18 de outubro de 2016

Contos de autores do Clube de Leitura Icaraí - CLIc

Olá queridos!

Segue o post que fiz no meu blog Mar de Variedade
Tenho lido alguns contos ultimamente. O bom de serem histórias curtas é que podemos intercalar os livros com contos. 
No Clube de Leitura Icaraí, temos muitos escritores. Alguns deles já foram premiados.
Hoje vou dar minhas impressões sobre os contos de três autores do CLIc: 

Antonio Rodrigues

Ele participou de uma coletânea de contos eróticos do próprio Clube e escreveu "A puta das flores", que foi publicado na Academia Niteroiense de Letras, podendo ser encontrado aqui.

Eu gostei muito do conto. Não considero ele erótico. 
O conto (que é bem curtinho) vai abordar a história de uma prostituta do Rio de Janeiro que, no dia do seu aniversário, aparece com flores. 
A história é curta, mas é na medida, não fala nem mais nem menos do que deveria. 
O autor consegue, em poucas linhas, tratar de várias questões, entre elas: preconceito; a exploração que as prostitutas sofrem dos agenciadores; o sentimento delas.
Ele aborda esses temas, de forma muito sensível e bonita.
Leiam! Recomendo!

Evandro Paiva de Andrade

Ele participou do clube do conto, que era promovido pelo Clube de Leitura Icaraí, e escreveu "Abismo", que pode ser encontrado no blog do Clube (vejam neste link).  Esse clube do conto deveria voltar, pois revelou vários talentos.

O enredo já revela que o autor gosta de falar de estrelas e planetas. Rs. 
O conto fala da busca pelo amor da personagem Karina, habitante de outro planeta, que acaba parando na Terra, juntamente com Arturo, e das teorias de Etevaldo, oficial do sistema de vigilância espacial das Nações Unidas, sobre  afinidades e alma gêmea.

Primeiramente, achei interessante a forma como ele descreveu a personagem Karina: uma pessoa decidida e que vai atrás do que quer:

"Engajada numa operação de resgate do ser desejado, Arturo, em um planeta distante do seu, encontra resistência por parte dele para segui-la, mas rapta-o e foge para Terra."

E tem um certo humor, também, como no trecho acima. 
Gostei muito do conto, muito bem escrito, que fala de estrelas, de planetas, de teorias sobre afinidades e sobre alma gêmea. 
O autor teve muita sensibilidade para abordar essa busca pelo amor e, ao mesmo tempo, ele tratou do tema de uma forma bem diferente e original.
Leiam! Recomendo!


Foto do blog do CLIc

Winter Bastos

Ele tem uma coletânea com três contos premiados, além de outros livros publicados. Caso queiram entrar em contato para adquiri-los: oberrofanzine@gmail.com. Eu vou comentar sobre um deles, embora sejam todos ótimos: "(Des)encontro". 
A forma como o autor escreve "prende" a atenção do leitor. Ele utiliza expressões do dia a dia e consegue falar de vários assuntos com muita facilidade. A leitura dos contos é fluida.

Nesse conto, o autor vai tratar do encontro casual entre Armando, que está em um restaurante, bebendo um uísque, enquanto esperava a namorada, e a ex-esposa Lídia, que chega acompanhada no local. 

Achei muito interessante a forma como o autor consegue narrar a situação do ex-marido que não queria que a ex-esposa o visse desacompanhado. 
O autor consegue descrever muito bem o que se passa na mente de Armando, vendo a ex-esposa com outra pessoa, bem-sucedida, aparentando estar feliz. E ele ali, esperando a namorada que não chega. 
É interessante como o autor consegue pegar uma situação corriqueira, como esse encontro casual em um restaurante, e levar o leitor a compreender o Armando (protagonista) e se identificar.
Ótima leitura! Recomendo!

14 de outubro de 2016

Livro: A Tragédia Brasileira, de Sérgio Sant'Anna

Olá queridos!
Esse é o post que fiz no meu blog Mar de Variedade.
Esse foi o livro do mês do Clube de Leitura Icaraí.
Não é o meu estilo preferido de livro, mas é uma boa leitura.


Sinopse da Companhia das Letras: "Em A tragédia brasileira, publicado originalmente em 1987, a exuberância temática e o experimentalismo formal de Sérgio Sant'Anna se resolvem numa síntese brilhante. Definido pelo próprio autor como um "romance-teatro", o livro tem traços de romance, monólogo, teatro e ensaio. O centro da obra é o atropelamento de Jacira, uma menina de doze anos com a sexualidade prestes a desabrochar. O episódio é recriado do ponto de vista de várias testemunhas, entre elas o Poeta voyeur de espírito romântico e suicida e o próprio Motorista, para quem a menina se torna objeto de desejo, adoração e culpa. Ao conduzir as ramificações da história, o Autor-Diretor enfrenta seus próprios dilemas pessoais na relação com o elenco e nos percalços do processo criativo.
Mais do que compor um enredo com início, meio e fim, Sant'Anna procura extrair do acidente todas as possibilidades estéticas e emocionais: 'a partir dessa pequena morte, refletir tudo', diz o autor. Em um epílogo memorável, Buda e Jesus Cristo aparecem como protagonistas de uma bem-humorada reflexão filosófica e religiosa."




O livro é dividido em abertura, três atos e epílogo. Na abertura, é anunciado o início do espetáculo. No primeiro ato, acontece o atropelamento da menina Jacira, de 12 anos, objeto de desejo do Poeta Roberto e de um negro voyeur.  No segundo ato, são abordados os atores que se confundem com os próprios personagens. No terceiro ato, há o atropelamento de Maria Altamira, virgem que se transforma em estrela.  

"I 
O PRIMEIRO ATO

Rua de bairro, a casa de Roberto, poeta mórbido e romântico, à antiga, de aproximadamente vinte e cinco anos que mora sozinho com a mãe, viúva de um militar e que, para sustentar a si e ao filho (que por ser doente dos nervos não trabalha), costura para fora.
Na casa em frente mora Jacira, menina de doze anos, por quem o Poeta nutre uma paixão distante e doentia.
Ao lado da casa de Roberto, um terreno baldio.
No fundo do espaço cênico, um território obscuro e misterioso, com cruzes, lápides etc." (Trecho do livro)

Por último, no epílogo, são abordadas várias religiões e o Deus ou representante, para tratar de questões religiosas e filosóficas.


A partir daqui, talvez haja algum spoiler, então, para quem não gosta, melhor ficar apenas com o resumo acima. 
Os três atos são interligados e retratam a mesma história do atropelamento da Jacira, no ano de 1962, e tudo que envolve essa tragédia: início da adolescência com a primeira menstruação; pedofilia (Roberto e o motorista que atropelou a menina mostram o seu envolvimento pela adolescente nas cenas que se seguem); suicídio. 
Alguns colegas até fizeram um link com o livro Lolita, de Vladimir Nabokov.
Outros colegas ainda falaram que o negro é tratado de forma discriminatória na história, o que pode ter o intuito de chamar a atenção do leitor para as questões de preconceito racial. 
Eu não consegui fazer uma conexão do epílogo com os três atos. O livro, embora curto e de leitura fluida, não é de tão fácil compreensão.
O leitor precisa analisar os três atos, bem como o epílogo que, segundo alguns colegas do clube, se relacionam e retratam a mesma história da Jacira e tudo que a envolve. 
Eu não gostei muito do epílogo, por achar desnecessário ao enredo, e também porque não achei interessante a forma como o autor abordou as religiões, no entanto, essa parte se engloba dentro do conceito amplo de tragédia brasileira. 
O livro pode ser lido como o caos da nossa civilização, diante dos conflitos humanos e das grandes questões políticas e religiosas, daí o nome tragédia brasileira, que seria um nome genérico para simbolizar todo o caos em que vivemos.



Boa leitura!

3 de outubro de 2016

"Literatura na varanda"

(Debate + recital + música)

TEMA: "Imersões Poéticas: Diálogos Contemporâneos"

DATA: 22 de outubro (sábado)

HORÁRIO: o evento terá início pontualmente às 16 horas

LOCAL: Centro de Estudos Wilhelm Reich
(Rua José Bonifácio, nº 29/2º andar, entrada pela locadora de vídeo Interativa que fica no térreo, próximo ao colégio Marília Mattoso e da Praça da Cantareira, em São Domingos, Niterói)

ESCRITORES CONVIDADOS:
 Inês Drummond Menezes
& Henrique Chaudon

MEDIADOR: Márwio Câmara

ENTRADA FRANCA

O evento tem o apoio do Clube de Leitura Icaraí (CLIC)

Pedimos, se possível, que cada pessoa leve preferencialmente 1 kg de alimento (não perecível) ou livro para doações.

Confirme a sua presença no nosso evento:                        
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1 de outubro de 2016

PREMIAÇÃO: CONCURSO LITERÁRIO DO CLARON


ESTÃO TODOS CONVIDADOS PARA ESTE EVENTO:

REALIZAÇÃO: Centro Literário e Artístico da Região Oceânica de Niterói
DATA: 08/10 - SÁBADO
HORÁRIO: A PARTIR DAS 16 HORAS
LOCAL: Restaurante GALLETUS (Estr. Francisco da Cruz Nunes nº 2549, Itaipu, Niterói).

PÁGINA DO EVENTO: 

RESULTADO DO CONCURSO LITERÁRIO: