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14 de outubro de 2016

Livro: A Tragédia Brasileira, de Sérgio Sant'Anna

Olá queridos!
Esse é o post que fiz no meu blog Mar de Variedade.
Esse foi o livro do mês do Clube de Leitura Icaraí.
Não é o meu estilo preferido de livro, mas é uma boa leitura.


Sinopse da Companhia das Letras: "Em A tragédia brasileira, publicado originalmente em 1987, a exuberância temática e o experimentalismo formal de Sérgio Sant'Anna se resolvem numa síntese brilhante. Definido pelo próprio autor como um "romance-teatro", o livro tem traços de romance, monólogo, teatro e ensaio. O centro da obra é o atropelamento de Jacira, uma menina de doze anos com a sexualidade prestes a desabrochar. O episódio é recriado do ponto de vista de várias testemunhas, entre elas o Poeta voyeur de espírito romântico e suicida e o próprio Motorista, para quem a menina se torna objeto de desejo, adoração e culpa. Ao conduzir as ramificações da história, o Autor-Diretor enfrenta seus próprios dilemas pessoais na relação com o elenco e nos percalços do processo criativo.
Mais do que compor um enredo com início, meio e fim, Sant'Anna procura extrair do acidente todas as possibilidades estéticas e emocionais: 'a partir dessa pequena morte, refletir tudo', diz o autor. Em um epílogo memorável, Buda e Jesus Cristo aparecem como protagonistas de uma bem-humorada reflexão filosófica e religiosa."




O livro é dividido em abertura, três atos e epílogo. Na abertura, é anunciado o início do espetáculo. No primeiro ato, acontece o atropelamento da menina Jacira, de 12 anos, objeto de desejo do Poeta Roberto e de um negro voyeur.  No segundo ato, são abordados os atores que se confundem com os próprios personagens. No terceiro ato, há o atropelamento de Maria Altamira, virgem que se transforma em estrela.  

"I 
O PRIMEIRO ATO

Rua de bairro, a casa de Roberto, poeta mórbido e romântico, à antiga, de aproximadamente vinte e cinco anos que mora sozinho com a mãe, viúva de um militar e que, para sustentar a si e ao filho (que por ser doente dos nervos não trabalha), costura para fora.
Na casa em frente mora Jacira, menina de doze anos, por quem o Poeta nutre uma paixão distante e doentia.
Ao lado da casa de Roberto, um terreno baldio.
No fundo do espaço cênico, um território obscuro e misterioso, com cruzes, lápides etc." (Trecho do livro)

Por último, no epílogo, são abordadas várias religiões e o Deus ou representante, para tratar de questões religiosas e filosóficas.


A partir daqui, talvez haja algum spoiler, então, para quem não gosta, melhor ficar apenas com o resumo acima. 
Os três atos são interligados e retratam a mesma história do atropelamento da Jacira, no ano de 1962, e tudo que envolve essa tragédia: início da adolescência com a primeira menstruação; pedofilia (Roberto e o motorista que atropelou a menina mostram o seu envolvimento pela adolescente nas cenas que se seguem); suicídio. 
Alguns colegas até fizeram um link com o livro Lolita, de Vladimir Nabokov.
Outros colegas ainda falaram que o negro é tratado de forma discriminatória na história, o que pode ter o intuito de chamar a atenção do leitor para as questões de preconceito racial. 
Eu não consegui fazer uma conexão do epílogo com os três atos. O livro, embora curto e de leitura fluida, não é de tão fácil compreensão.
O leitor precisa analisar os três atos, bem como o epílogo que, segundo alguns colegas do clube, se relacionam e retratam a mesma história da Jacira e tudo que a envolve. 
Eu não gostei muito do epílogo, por achar desnecessário ao enredo, e também porque não achei interessante a forma como o autor abordou as religiões, no entanto, essa parte se engloba dentro do conceito amplo de tragédia brasileira. 
O livro pode ser lido como o caos da nossa civilização, diante dos conflitos humanos e das grandes questões políticas e religiosas, daí o nome tragédia brasileira, que seria um nome genérico para simbolizar todo o caos em que vivemos.



Boa leitura!

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