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18 de março de 2022

O deserto dos Tártaros, de Dino Buzzati - livro e filme

Olá queridos!
Segue o post que fiz no meu blog Mar de Variedade
Esse foi o livro do mês do Clube de Leitura Icaraí. A discussão foi nessa quinta, dia 22.
Eu gostei do livro, que é muito bem escrito.

Sinopse da Livraria cultura: "Ao alcançar o posto de tenente, o jovem Giovanni Drogo é designado para o Forte Bastiani, o que crê ser a primeira etapa de uma carreira gloriosa. A má impressão que tem ao chegar ao isolado forte o abala. A espera pelo inimigo, que justifica a permanência do comando militar na região, transforma-se na espera por uma razão de viver, na renúncia da juventude e na mistura de fantasia e realidade. Militares apáticos veem aos poucos seus sonhos serem minados numa rotina angustiante e alimentam a ilusão ou o temor de que um dia a batalha de suas vidas aconteça, quando os inimigos finalmente surgirem do deserto."


Como falei anteriormente, é um livro muito bem escrito, que narra a trajetória de Giovanni Drogo e sua carreira militar. 
Ao ser designado para o Forte Bastiani, Drogo fica feliz, acreditando que irá para um lugar de destaque e que participará de batalhas importantes.
Lá chegando, descobre o quanto aquele lugar é deserto e sem qualquer perspectiva de batalhas futuras.
Ele, então, tenta sair do Forte e é aconselhado a ficar por quatro meses. Posteriormente, resolve ficar por um tempo, mas descobre o quanto é  difícil conseguir a remoção para a cidade. 

"Drogo decidiu permanecer, retido por um desejo, mas não apenas por isso: o pensamento heroico talvez não fosse suficiente para tanto. Por ora ele acredita ter feito algo nobre, e de boa-fé se orgulha disso, descobrindo-se melhor do que supunha. Só muitos meses mais tarde, olhando para trás, reconhecerá as míseras coisas que o ligam ao forte." (p. 56)

Volta à cidade para visitar a mãe, os irmãos e uma amiga, de quem gostava, mas descobre que mudou como pessoa, assim como aqueles com quem convivia. Não vou contar mais do que isso, para não dar spoiler. Várias pessoas no clube comentaram o quanto foi impactante esta parte, já que o próprio Drogo havia mudado e não conseguia ter o mesmo sentimento pelas pessoas de antes. 
O livro consegue captar bem o estilo de vida no forte: um lugar deserto, sem vida, sem emoção. E mostra que as pessoas que ali vivem acabam incorporando as características daquele lugar. Elas veem o tempo passar à espera de que algo surpreendente aconteça para justificar aquela vida monótona.
Um colega do clube falou das metáforas que são utilizadas para falar da vida cotidiana em geral. 
É um livro um pouco melancólico e que nos faz refletir.
Boa leitura!

O filme (comprei da coleção da Folha de São Paulo), dirigido por Valerio Zurlini, é menos detalhado, mas também consegue passar um pouco dessa mudança de comportamento dos militares que vivem ali no Forte e dessa espera sem fim.



Nesse filme da Folha contém um catálogo com algumas explicações sobre a obra de Dino Buzzati: "Em uma entrevista, Buzzati afirmou ter-se inspirado 'na monotonia do trabalho que exercia na redação do 'Corriere' para escrever o romance'. (...)"
Portanto, pela inspiração do autor, podemos entender um pouco mais de sua obra. 


Boa sessão!

2 comentários:

  1. Ótima resenha, Andreia! Como você consegue fazer isso sem dar nenhum spoiler?

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  2. Não é fácil, Evandro. Acabo não podendo comentar coisas interessantes do livro, mas acho importante não dar spoiler para quem ainda não leu ter algumas surpresas com a leitura.

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