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3 de fevereiro de 2016

O bigode de Frida Kahlo: Ashraf Fayadh

Traduzido por José Pinto, a partir da tradução em inglês de Mona Kareem
Original publicado online em Laghoo.



Vou ignorar o cheiro da lama e a necessidade de repreender a chuva e a chama que desde há muito incendiou o meu peito.
Procuro um contentamento para a situação, que não me deixa perceber os teus lábios como eu queria
Ou varrer as gotas de neblina das tuas pétalas avermelhadas
Ou amansar a obsessão que me consome quando compreendo que não estás perto de mim agora.
E não estarás… Quando sou obrigado a justificar-me ao silêncio castigador da noite.
Age apenas como se a terra estivesse em silêncio, vista à distância, e tudo o que aconteceu entre nós
não tivesse sido senão uma piada que foi longe demais!
#
Que pensas dos dias que passei sem ti?
Das palavras que rápidas do meu pesar se evaporaram?
Dos nós acumulados no meu peito como algas secas?
Esqueci-me de dizer-te que cresci habituado à tua ausência (tecnicamente falando)
E que os sonhos perderam o alcance para os teus desejos
E a minha memória se tem corroído.
Que ainda persigo a luz, não para ver, mas porque o escuro assusta…ainda que nos habituemos a ele!
Bastariam as minhas desculpas? Por tudo que aconteceu enquanto engendrei bons pretextos.
#
A toda a hora a inveja aumentou no peito,
A toda a hora o desespero arruinou o amanhã dos meus negros dias,
A toda a hora eu disse que a Justiça teria cólicas menstruais e o Amor era um homem acéfalo no outono da idade com disfunção erétil!
#
Terei de estancar a memória
E afirmar dormir bem.
Tenho de estilhaçar as perguntas
Que procuram uma razão, para ter respostas sérias.
Perguntas que, por íntimos motivos, vêm com o tombo da pontuação usual.
#
Deixa o espelho dizer-te o quão bela és!
Retira o amontoado poeirento de palavras, respira fundo.
Lembra-te do quanto te amei e de como tudo se tornou eletricidade capaz de atear um fogo imenso… numa arrecadação vazia!

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