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14 de agosto de 2014

“Esta é a história mais triste que já ouvi”


"Nós todos temos tanto medo,
nós todos somos tão sozinhos,
nós todos precisamos tanto que venha de fora a garantia de nosso próprio valor para existir."


"Publicado em 1915, o romance é pioneiro na arte do "narrador não confiável". A história é contada primeiro de uma forma. Depois, conforme o narrador se recorda de detalhes que a modifiquem, os mesmos são recontados de um novo ponto de vista, que podem ser reavaliados adiante. E conforme a mente do narrador trabalha, outros elementos são trazidos, e um simples caso de adultério entre dois casais que se encontram casualmente numa casa de repouso (ou spa, como ficou conhecido depois) vira um caso cheio de arestas insuspeitas, que dizem respeito à situação atual do narrador, que não conhecíamos completamente, como imaginávamos (ele não nos tinha dito tudo). 

"O Bom Soldado" fez mais pela literatura ocidental do que todos os mais famosos modernistas juntos. Porque se "Ulisses" é um grande livro, e "Mrs. Dalloway" é estupendo, repeti-los dependia de referências e talentos, o que tornava o trabalho de quem os quisesse seguir pesado demais. O que "O Bom Soldado" sugere é uma forma prática para a narrativa moderna e, inclusive, pós-moderna: deixe que seu leitor se confunda; deixe que chafurde na indecisão, e que se encontre (ou não) apenas depois. 


Quem quer encontrar-se na Literatura? Até onde eu sei, a gente quer é se perder..."


(Roberto Pedretti)


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