A chegada do genovês
Cristóvão Colombo ao Novo Mundo, em outubro de 1492, ascendeu a Espanha no
cenário das conquistas marítimas do Atlântico, até então dominado por Portugal
ao longo de todo século XV. Isto acirrou o clima de disputas entre ambas as
nações, só distendido depois de um tratado, intermediado pelo Papa Alexandre IV
na cidade espanhola de Tordesilhas, em junho de 1494.
O Tratado de Tordesilhas
concedia à Espanha todas as terras situadas a 370 léguas a oeste do arquipélago
de Cabo Verde. O lado leste ficou para Portugal, que há anos já desbravava a
costa atlântica africana, vislumbrando alcançar o caminho das Índias. Tal
decisão desagrada a França e as demais potências européias, que defendiam o Uti
Possidetis, ou seja, que o direito de posse seria da nação que efetivamente
viesse a ocupar as novas terras.
Então, D. Manuel I proíbe
a seus súditos, sob pena de morte, de fornecer qualquer informação que viesse a
facilitar o reconhecimento das rotas marítimas ou de localizar suas novas
terras. Portugal não estava disposto a perder a hegemonia do comércio com o
Oriente ou de abrir mão de controlar o Atlântico Sul, onde o Brasil ocupava uma
posição estratégica.
No entanto, não obstante
ao sigilo e todas as precauções, a França alcançou a Ilha de Santa Catarina
ainda em 1504, dando início a um ciclo rotineiro de incursões aos “Brasis” na
busca de riquezas. O litoral era extenso, difícil de ser guarnecido e
controlado, de forma que de nada adiantou o Papa Júlio II confirmar o Tratado
de Tordesilhas em 1506, em favor da Espanha e de Portugal.
Os franceses
mostrar-se-iam inquebrantáveis, ao aliarem-se aos nativos para o escambo e
concorrer com os portugueses na exploração em grande escala do pau brasil. Em
suas viagens ainda arrebatavam peles de animais, macacos, papagaios, araras,
entre outras aves coloridas e tudo mais que fosse interessante e comercializável.
Até mesmo os nativos não escaparam de serem levados para exibição na corte,
como autênticos atrativos tropicais.
Segundo os historiadores
Carlos Guilherme Mota e Adriana Lopes, “piratas e corsários franceses haviam
tomado e pilhado nada menos que 350 embarcações” portuguesas, em um período de
trinta anos.
Portanto, a Coroa
Portuguesa contabilizava imensuráveis prejuízos com o contrabando, a pirataria
e o corso francês. Como as intervenções diplomáticas lusas não logravam êxito,
a relação bilateral com França tornou-se muda e surda, em uma guerra fria não
declarada.
Na impossibilidade de
conter o ímpeto francês, a Coroa Portuguesa passa a enviar expedições guarda
costas, com intuito de banir e afugentar os corsários e invasores. Três
expedições comandadas por Cristovão Jacques, o Inclemente, foram realizadas em
1516, 1521 e 1527. Jacques declarou guerra aos invasores, destruindo suas
feitorias e embarcações. Na primeira delas mandou enterrar vivos vinte
franceses, ocasionado um grave conflito diplomático.
Mesmo assim, os franceses
se mostrariam pertinazes. Todavia, D. João III não estava disposto a tolerá-los
nas terras da América. Resolve, então, organizar uma grande expedição, que
deixa Portugal ao final de 1529, comandada pelo fidalgo Martim Afonso de Souza,
para iniciar a colonização do Brasil. No início de 1530, quando a expedição
chega à costa brasileira captura três navios franceses.
Entretanto, a persistência
continuaria. Em 1555 Villegagnon funda a França Antártica e inicia a
colonização do Rio de Janeiro; Em 1612 é a vez da França Equatorial, na atual
cidade de São Luiz do Maranhão. O corso e a pirataria resistiriam ainda até
princípios do século XVIII.
Com tantas incursões em uma área tão vasta é difícil explicar como o Brasil não se desintegrou em diversas colônias falando idiomas diferentes.
ResponderExcluirMuito interessante o tema! Lembrou-me um livro lido no clube de leitura que abordava questões deste período: "A controvérsia" de Jean-Claude Carrièrre.
ResponderExcluirParabéns Wagner, pelos excelentes textos que você nos brindou neste ano. Aguardamos novas reflexões, questões e emoções para 2014 com suas postagens semanais. Adorei os textos sobre história do Brasil, os contos, crônicas e sua rica interação conosco. Além do valor literário dos textos, têm sido fonte de grande aprendizado para mim, sobretudo o questionamento político que você tem abordado de forma muito elegante. 2014, ano de eleições, promete bons debates.
Boas férias, Feliz Natal, Boas Festas, um Ano Novo cheio de leituras e alegrias para você e família. Abração na Cristina.
Forte abraço!
Também quero agradecer suas aulas de história no blog, adoro. Espero que continue em 2014.
ResponderExcluirAgradeço as manifestações de apreço do Evandro Paiva de Andrade e da Rosemary Timpone.
ExcluirDespeço-me este ano do blog desejando a todos um FELIZ NATAL e PROFÍCUO ANO NOVO. No próximo ano certamente estaremos de volta.