By: Rose Timpone
Nuvens chumbo pairam sobre o mar
na linha do horizonte
o cinza mais pesado
o negro que vem esmaecendo
vento polar, conheço a tua origem
sinto o trovão nos meus pés
o ralhar do céu, a força da tempestade,
gosto do cair da tarde, assim,
de mansinho
luzes da noite acendendo
as do céu, as da rua
sons de folhas de árvores a conversar
rodas de carros no asfalto molhado
gaivotas apressadas no céu.
Depois que a noite cai
o que vejo é o branco balançar
cortina de voile que se movimenta
toque do vento.
Rose T, parabéns!
ResponderExcluirMuito boa sua poesia e as sensações descritas: auditivas, visuais, e até táteis(sinto o trovão aos meus pés)e eu também sinto consigo.
Continue, querida!
Elô.
Transmitiu magistralmente o instante da inspiração. Parabéns, Rose!
ResponderExcluirMuito bom! Ouvi a conversa das árvores e senti o toque do vento. Maravilha!!
ResponderExcluirAgradeço aos amigos a boa crítica e principalmente a Rita Magnago que fez uns ajustes aqui... Ali e eu gostei do resultado também.
ResponderExcluirO elogio de vocês é um incentivo a continuar
É muito bonito a gente poder presenciar esse momento, esse nascimento da poeta. Esperei o Dia do Escritor para te dizer isso, Rose. Sua poesia rompe com força e coragem. Que seja avassaladora e sensível, densa e bela e te acompanhe durante toda a jornada.
ExcluirObrigada a todos mas em particular meu agradecimento a você Rita e sinta-se responsável pelo nascer da poetisa se é que posso me considerar uma.
ExcluirBelo poema, Rose.
ResponderExcluirGostei das figuras, das alegorias para o ocaso. O declínio dos tons escuros — do chumbo para o cinza, um negro que já esmaece. E somando-se às cores e à sensação crepuscular, o vento polar, pintando um retrato de cinza e frio. Por fim, um trovão, seja de emoção, seja da natureza, aos pés de quem assiste ao espetáculo.
Contudo, é interessante ver que, apesar das imagens escuras do crepúsculo que se instalam, o eu lírico sente o cair da tarde manso — “de mansinho”, ele diz. O que produz, aparentemente, duas sensações distintas, sinestésicas: o peso do céu chumbo — constantemente representante da ideia de tristeza, pesar e morte (a morte com seus dentes de chumbo) — e o cair manso da tarde, no poema identificado como uma sensação boa e de prazer, confirmado pelo uso do diminutivo (“de mansinho”). O que nos diz que essa visão do ocaso pelo eu lírico não é triste, é prazerosa, que ele ver com vagar.
São sensações agradáveis, como se olhasse para um quadro descritivo do cair da tarde, com suas cores fechadas, mas que não remetem ao medo, ao feio e ao pesaroso, e sim ao belo da natureza, dos tons da natureza, da simbologia de renascimento — vai a tarde, vem a noite com sua magia suave de luzes e sons.
Assim, a noite se instala, e um clima de tranquilidade e mansidão paira ao redor: as luzes acendendo-se no céu e na terra, folhas farfalhando, o contato das rodas no asfalto e as gaivotas em fuga (fenômeno comum ao fim da tarde).
E já noite, com suas luzes, o eu lírico vê um véu balançar (“voile”), suave tecido branco flanando ao sabor do vento — numa figura de delicadeza e serenidade. O vento não empurra, toca, balança a cortina, como se dançasse, movimenta-se como acariciada pelo toque do vento.
Parabéns pela sensibilidade.
Rose T. querida,
ResponderExcluirParabéns pela poesia! Muito bonita e rica: céu ralhando; folhas e árvores conversando... Excelentes figuras de linguagem! Você, grande poetisa que estava escondida. Continue! Estamos esperando as próximas.
Elenir
Olá, Rose Timpone, parabéns!
ResponderExcluirMuito lindo e delicado o seu poema!
De uma suavidade impar.
Beijos! Sonia Salim
William Lial entendeu tudo, é exatamente assim que sinto as tempestades, suaves, na verdade seu texto ficou ótimo.
ResponderExcluirObrigada Elenir pelo elogio, mas ainda não desisti de fazer haicais, ando contando nos dedos as sílabas mas a matemática não está boa.
Sonia Salim estou com as janelas todas abertas que é para dar oportunidade para o vento polar entrar e usufruir do vento direto do oceano enquanto posso.
Rose Timpone,
ResponderExcluiradoro quando vejo uma pessoa se desnudando, se permitindo perceber através da poesia...
Parabéns!
Beijos ternos,
Vera Lúcia Schubnell Freire.
Obrigada Vera, depois da Travessia do Verso estou tomando coragem. Uma coisa é ler quem você não é próximo e outra coisa é ler quem conhecemos e a Rita foi fundamental nesta minha exposição.
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