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27 de janeiro de 2012

ESPAÇO DO LEITOR


A Caixa Preta do Leitor

Ano passado eu li 24 livros. Da maioria, gostei muito. E fiquei pensando afinal do que eu gostei, se os livros eram tão diferentes, na temática, no estilo, na natureza dos escritores.

Acho que o que mais gosto em um livro, em um conto, em uma poesia, é a capacidade de ser presa e arrastada para uma estória onde, a princípio, não estou, e depois ser surpreendida e arrebatada pelo seu desenlace para finalmente me ver nessa estória, questionando-me sobre o que foi mais marcante para mim, como e porque, e se isso vai mudar alguma coisa em mim, no meu comportamento, de que forma impacta minha vida.

Para mim, receita de bolo é para bolo. Um bom texto tem que instigar o leitor a pensar por si, a concluir por si, e só dar os elementos. Claro, se fizer isso com poesia, humor, irreverência, profundidade, perspicácia, sentimento ... se convencer, será muito mais ainda que um bom livro. E que bom que temos tantos ótimos livros.

Quanto às críticas, que podem às vezes serem expressas sob formas de notas, quaisquer notas, acho que também são muito válidas. Imagine-se um escritor. O que ouço de muitos deles, em entrevistas, é que observam o comportamento do homem comum e passam a imaginar situações que ele vive, que ele poderia viver, tentam se colocar em seu lugar para viver aquela realidade e nos fazê-la viver igualmente. Então, imagine-se novamente um escritor. Você gostaria de ouvir elogios a sua obra, por certo, mas talvez também gostasse de críticas, para evoluir, para mapear seu público alvo, para ver o que seus olhos, limitados pela abrangência da sua ‘visão’ pessoal, não te possibilitaram. O leitor é esse terceiro olho, ou quarto, ou quinto, é seu olho ‘n’, tão múltiplo quanto a vida.